sábado, 9 de outubro de 2010

O segredo... (Capítulo 1, A floresta negra, parte 1)

Já estava cansado quando caiu a fria e gélida noite, exausto de tanto caminhar pela densa floresta. Meus olhos já estavam muito cansados por tentar encontrar algum lugar seguro para descansar, pois eu não podia parar em qualquer lugar, não era seguro ainda,  não podia simplesmente sentar e esperar, se pelo menos eu tivesse algo em mãos para me proteger... Nem sei se conseguirei, mas devo ficar preparado para o que possa acontecer.
Como eu já esperava, de uma maneira bem suave a escuridão se sobrepôs entre a paisagem. Minha visão por mais que já estivesse acostumada com aquela situação, em certos momentos me enganava, fazendo-me tropeçar por entre raízes, buracos e algumas pedras, eu já não me incomodava com aquelas irregularidades pelo chão, eu sentia como se meu corpo já estivesse amortecido. Depois de várias horas andando, percebi que não adiantava mais ligar para as dores ou as várias torções musculares que eu havia sofrido pelo caminho.
Como todo o terreno era úmido ficava fácil escorregar nos musgos que se desenrolavam pelo encharcado chão. Incontáveis árvores levantavam-se de norte a sul, várias de suas raízes salientavam-se sobre o solo me fazendo parecer como um velho tentando correr, todo desajeitado, apesar de estar com minha juventude no auge. Com todo esse cansaço minha respiração parece a do meu tio Bartolomeu quando caminha por infelizes trinta minutos, mas ele tem direito de ficar cansado pois se encontra com mais que o dobro da minha idade. Eu por outro lado estou caminhando a... Quantas horas faz que estou andando? Ou será que foram dias? Semanas talvez? Eu já não me lembro direito... Meu único propósito agora é conseguir chegar ao vilarejo mais próximo, vivo de preferência, eu devo avisar a todos sobre "aquilo". Se eu conseguir sair vivo dessa com certeza terei pesadelos por um bom tempo, mas prefiro não lembrar por enquanto não enquanto estiver nesta escura e sombria floresta.
Continuei caminhando apenas pelo desejo de viver, pois já não restava mais nenhum ânimo em meus olhos, eu me sentia como um barco a deriva com seu capitão machucado e só, sem poder utilizar nada para poder se locomover por entre as águas, contando apenas com as correntes marítimas ou quem sabe com o próprio mar para que pudesse ajudá-lo naquele momento de fraqueza e desgraça.
Eu sentia como se estivesse com o coração na mão. Minha mente já não me obedecia. Estava a um fio de cair desmaiado, se fosse o caso, não conseguiria nem sequer escolher um lugar para cair, apenas deitar-me-ia nesse chão sem cerimônia alguma, estaria me entregando ao ponto final desta vida, e com certeza ninguém haveria de encontrar meu corpo pútrido neste lugar, serviria apenas de alimento tanto para os animais maiores como para as pequenas larvas que passeariam por dentro de minha carne despedaçada e fétida e por fim servindo como adubo para a vegetação... Pare pensamento! Pare! O que estou pensando... Meu próprio cérebro esta a me dizer que não conseguirei... Não posso... Devo continuar! Devo tentar... Eu prefiro lutar até o fim. Até quando meus pés recusarem a andar eu estarei indo adiante, tentando permanecer lúcido na maior parte do tempo. Esse sou eu pensando, esse sou eu lutando, esse sou eu vivendo...

(é isso ai, essa foi a primeira parte, segunda feira tem a segunda parte. até la...)

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